segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Em clima de Dia dos Namorados
Domingo
foi mais um dia feliz.
Desabituada
dos sons do campo, Inês acordou com os bons dias do burro que, no silêncio das
gentes, chamava pelo galo que cantava ao longe.
Ensonada,
espreguiçou-se na cama e o seu corpo encontrou aquele outro, que lhe apeteceu.
Jorge era tão quente que o edredão abandonara a cama durante a noite. Ainda
desprotegido no sonho, afagou a cabeça que se lhe pousou no peito. A mão dela
já partira à descoberta de outras ternuras. Já desperto, ele sorveu-lhe o peito
e o grito abafado. Perdida, ela agarrou-o como se agarra um tesouro e ele
afogou-se nela.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Extratos da Apresentação de “Alecrim”
Sobre a Autora e sobre o Livro:
Margarida
Frias Rocha é psicóloga e trabalha há
vinte anos com crianças em risco.
A
necessidade de escrever surge-lhe frequentemente, como um processo de
organização de ideias, como desabafos ou no planeamento das suas ações.
No último carnaval andava preocupada com
uma situação que acompanhava e, entre outras coisas que fez para lidar com o
assunto, escreveu sobre ele, de uma forma bem espontânea, como um sopro. Nasceu
o “Alecrim”.
…
A palavra ALECRIM remete-nos para uma planta silvestre, conhecida pelo seu
aroma, que a autora coloca em alguns momentos cruciais do livro. O odor do
alecrim ajudou a criar a atmosfera de intimidade que quis presente na narrativa.
Também é o nome da escola que a protagonista gere, sendo assim um elemento mais
físico da ação.
Sendo a autora psicóloga, torna-se fácil perceber a escolha do subtítulo: Intimidade, Segredos e Emoções. São os
temas que mais gosta de trabalhar e sobre os quais mais reflete.
…
Tal como Vargas Llosa diz (2002): “ Os
romances não são escritos para contar a vida, mas para recontá-la”. Por vezes,
o sujeito ficcional mistura-se com o sujeito pessoal e o ambiente que o cerca.
As memórias adquirem o mesmo valor da ficção. Há imagens que sugerem outras
imagens, sensações, sentimentos, tornando mais rica a experiência de escrita.
Em Alecrim, Margarida colocou recordações
de imagens, de citações, de cheiros num texto coloquial, conversacional,
intimista, com muito diálogo, mas onde também se lê muito nas entrelinhas. São
os chamados “espaços do silêncio”…Magalhães, M. A.
Nas suas apresentações, Margarida cita Virgínia Woolf,
afirmando rever-se nas suas palavras:
“ [é] o prazer mais intenso que eu conheço. É o
encantamento que experimento quando, escrevendo me parece descobrir as relações
precisas; tornar viva uma cena; dar coerência a uma personagem. Daqui nasce, eu
poder dizer, uma filosofia; ou então uma ideia que eu sempre tive; que por trás
do algodão se oculta um desenho; que nós – todos nós, seres humanos – entramos
no desenho; que o mundo inteiro é uma obra de arte; que nós somos parte daquela
obra de arte”. WOLF, Virgínia. Contos
completos. Fixação de texto e notas de Susan Dick.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Emoções em Pedrógão Pequeno!
Rita ia
a caminho da casa vizinha ver se encontrava alguém. Talvez conseguisse
convencer a tia Rosa a levá-la a ver os animais. Sabia que tinha de ser antes
de anoitecer, para não perturbar os seus sonos. Haveria algum cordeiro para
nascer? Estariam alguns pintainhos na fase de partir a casca do ovo?
Inês
ouviu Jorge lembrar Miguel para ir cumprimentar o burro do tio Zé, que já dera
sinais de o querer chamar.
Chegou-se
à janela para sacudir o pano do pó. Olhou os filhos e, com o coração quente de amor,
recordou Miguel:
- Mãe,
quando eu morrer e me transformar num pintainho, eu vou ser aquele que vai
estar sempre ao pé da porta, para tu me reconheceres!
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